Pinturas semelhantes às encontradas no Codex de Dresden são descobertas na Guatemala
Por Helen Thompson/Nature/Scientific American Brasil
As tábuas se parecem com as encontradas no Codex de Dresden, um livreto feito de cascas de árvore que data do final do período Pós-Clássico da civilização maia, começando por volta de 1300. As pinturas de Xultun são as únicas fontes encontradas que representam informações astronômicas do período Maia Clássico (por volta de 250-900).
As chances de as pinturas terem sido conservadas e descobertas eram poucas. Apesar de os arqueólogos mapearem Xultun nas décadas de 20 e 70, as escavações só começaram em 2010. “Durante esse intervalo o local foi muito pilhado, absolutamente destruído”, lamenta Bill Saturno, arqueólogo da Boston University, em Massachusetts, que está à frente da escavação de Xultun e é coautor do artigo.
Em março de 2010, o estudante Max Chamberlain, aluno de Saturno, verificou uma das escavações que haviam sido pilhadas e encontrou uma parede exposta, com traços de tinta vermelha e branca. Saturno decidiu escavar mais 30 centímetros e descobriu a pintura de um dos governantes de Xultun sentado em seu trono, usando um brilhante cocar de penas azuis. “Não é comum encontrar pinturas. Elas não costumam ser bem preservadas, a menos que haja condições ambientais especiais”, observa Saturno. “O fato de essa ter sido tão bem preservada é muito peculiar”. Os maias reforçaram a sala cuidadosamente com uma mistura de pedra, terra e cerâmica antes de selar a porta, em vez de colapsar o teto e nivelá-lo por cima, como era comum ao se fazer novas construções.
Saturno continuou escavando e observou que todas as paredes apresentavam pinturas adornadas com hieróglifos maias. A equipe também encontrou um artefato: um dispositivo usado para cortar papel feito de casca de árvores. Hieróglifos cobriam a parede leste e, em alguns casos, as imagens haviam sido recobertas para abrir novo espaço para escrita. Dois conjuntos se destacaram: um arranjo de números maias, representados por barras e pontos, na parede norte, e uma tabela de números de 27 colunas, na parede leste.
Durante a noite, quando podiam maximizar o contraste e destacar os detalhes da pintura, os pesquisadores escanearam as imagens do mural. Alguns dos símbolos não estavam bem preservados e tiveram que ser reconstruídos posteriormente com base no conhecimento pré-existente sobre os cálculos dos calendários maias…
Consultor da Revista UFO Brasil