Ufologia, um enigma insolúvel…
Por Nelson Pescara
Então estagnamos? Também não! Do nosso ponto de vista, não. Já não somos assim tão boçais por discutirmos discos voadores. Temos uma vasta biblioteca, e de âmbito mundial, sobre o Fenômeno UFO e a presença alienígena na Terra, abordando-o sob seus mais diferentes aspectos. Ufologia não é mais um assunto que se discute à boa miúda em recintos fechados. É tópico do dia a dia, está incluída na pauta de discussões de todos os povos. Excetuando-se a escumalha dos aloprados, certa corrente da mídia e um bom punhado de ignorantes no assunto que teimam em contaminá-la com ruídos indesejáveis, já podemos discuti-la abertamente e, por que não dizer, cientificamente.
Acontece que isso não basta. Não bastou até agora. E não me consta que algo vá mudar num curto espaço de tempo. Por quê? Porque do outro lado dessa enigmática questão, não temos uma esfinge a nos desafiar com o “decifra-me ou te devoro!”. Temos, sim, um fenômeno tão estranho, tão dissimulado, inapreensível sob todos os aspectos, embora físico, embora concreto, que, debalde todos os nossos esforços, ele nos escapa pelos vãos dos dedos, e nos frustra cotidianamente.
Neste ponto, para desatarmos o nó Górdio, já que não temos a espada de Alexandre, precisaríamos devassar a cortina de fumaça que obscurece nossa visão para invadirmos o espaço deles e buscarmos as respostas que tanto nos angustiam. Mas como? É o que venho me perguntando todos esses anos. Como? Se não vislumbramos uma brecha, uma vereda, qualquer sinal a nos indicar o caminho? Como? Se eles se apresentam inteiramente à nossa revelia? Se manifestam-se completamente alheios a nós? Será que nós não existimos para eles? Sob os aspectos mais emblemáticos desse processo todo, a resposta é não. Já li em algum lugar que podemos ser como formigas para eles, ou cobaias.
No entender de Salvador Freixedo, Ernesto Bono, Fernando Grossman, do falecido Bob Pratt (sob certos aspectos), Reginaldo de Athayde, do James Carrion e de tantos outros estudiosos, é isso o que somos, e isso é assustador. Se você é capaz de entrar na casa do seu vizinho sem lhe dar a mínima satisfação, sentar-se à mesa e servir-se, apoderar-se daquilo que bem lhe aprouver sem ser incomodado e sem qualquer restrição, seu vizinho pode estar em maus lençóis. Em suma, é isso. Embora estejamos em nosso planeta, nós somos vizinhos deles, quer gostemos quer não.
Quando comecei a me deparar com o fenômeno discos voadores, eu era menino e lia os gibis do Flash Gordon, do Buck Rogers, entre uma dezena de outros, e assistia-os no cinema. Um cineminha na roça, construído por uma família circense, cujo patriarca era um gênio. Ali conheci duas dezenas de super-heróis dos anos 30, 40 e 50. Era delirante e fantasioso. Talvez por isso minha primeira ideia de um ocupante de um disco voador deveria se assemelhar a um astronauta. Nada mais disparatado e inverossímil. Eu não tinha ainda nenhum curso técnico, e meus conhecimentos de ciência resumiam-se ao ginasial, depois colegial.
Hoje, ligeiramente mais instruído, e pondo a prova toda a minha capacidade de raciocínio e discernimento, décadas após, eu mal consigo formular uma hipótese de quem sejam nossos visitantes. E não estou me subestimando. É a pura verdade. As manifestações ufológicas transcendem em muito minha capacidade de apreensão do fenômeno. Contudo, e com o mais profundo respeito a quem pensa o contrário, ainda me recuso a enveredar por vertentes que fujam dos aspectos puramente físicos da Ufologia. Não consigo conciliar coisas intangíveis, imateriais, com qualquer manifestação física. E, a darmos crédito aos milhares de relatos já registrados em toda a casuística que passaram pelo crivo dos mais capacitados ufólogos, daqui e de fora, o fenômeno é, a despeito de sua manifestação fantasmagórica, essencialmente físico.
Assim, a questão permanece aberta. As perguntas que nos atormentam estão aí. O que são eles? Quem são? De onde vêm? Alguma espécie de vida, entidades biológicas, mas de natureza absolutamente incompatíveis com a nossa? Ou, ao contrário, seriam robôs, ainda que construídos organicamente, meros replicantes de alguma coisa que surgiu ou foi criada seja lá por quem ou quando, e que, com o tempo saiu do controle do seu criador? Rompeu-se o cordão umbilical? E se esse criador já não mais existe, mas suas criaturas estão espalhadas por aí, indestrutíveis, entregues à própria sorte, destituídas de quaisquer princípios éticos, morais, filosóficos, culturais, mas dotadas de um impensável poder tecnológico, e à beira da loucura?
Qual será o desfecho? Quais seriam as consequências para a nossa espécie caso houvesse realmente um encontro entre nós e eles? Ao refletirmos sobre isso, não é difícil entendermos porque os militares, principalmente eles, tanto quanto nossos governos e a Igreja, hão de postergar indefinidamente, se puderem, uma abertura ampla e incondicional. O contrário poderá se dar se, e somente se, à nossa revelia, nossos visitantes provocarem um fato agravante de maneira que não mais seja possível manter indevassável a cortina de silêncio.