Cientistas buscam uma nova Terra
Um estudo apresentado por pesquisadores da Universidade da Califórnia na conferência estima que, a cada cinco estrelas parecidas com o Sol analisadas pelo Kepler, uma delas possua um planeta com tamanho semelhante ao da Terra em uma zona habitável. Assim, de acordo com a pesquisa, pode haver 10 bilhões de planetas que preencham esses requisitos. Essa conclusão não significa, no entanto, que esses planetas possam abrigar vida – trata-se apenas de um passo adiante nessa busca.
A procura esquentou no fim de outubro, com a revelação das características do exoplaneta mais “parecido” com a Terra descoberto até hoje, o Kepler-78b. É o primeiro planeta do tamanho da Terra, com uma densidade semelhante. Ele é apenas 20% maior e pesa quase o dobro. Como resultado, tem uma densidade semelhante à da Terra, o que sugere uma composição física de ferro e rocha, como a da Terra. Há um detalhe, entretanto, que não colabora para a vida: o Kepler-78b situa-se tão próximo de sua estrela-mãe, que sua superfície, provavelmente coberta de lava, apresenta temperaturas superiores a 2 mil °C.
Dessa forma, “ainda não existe nenhum candidato a irmão-gêmeo da Terra”, sentencia Jorge Meléndez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e um dos pesquisadores mais relevantes no estudo de exoplanetas. “O mais parecido é o Kepler-78b, por ter massa, raio e densidade similar à Terra, mas o Kepler-78b está muito próximo da sua estrela-mãe, não sendo, portanto, habitável”.
Por enquanto, a busca por um exoplaneta habitável continua. Entre as chamadas superterras – massa superior à da Terra e inferior à de gigantes gasosos -, há candidatos em potencial. “É hoje o principal objetivo da Nasa”, afirma o doutor em astrofísica e técnicas espaciais José Dias do Nascimento, cientista convidado da Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), na Universidade de Harvard. “Esta questão de detectar vida tornou-se o principal objetivo em torno da descoberta de planetas extrasolares. É uma das principais questões que a humanidade tem hoje para responder: ‘Estamos sozinhos no Universo?’”.